Enrocamento da praia de Ponta Negra com blocos de concreto começa em fevereiro

O enrocamento da praia de Ponta Negra está programado para começar em meados de fevereiro, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura de Natal. Dessa vez, ao invés de pedras, como as que já foram colocadas em alguns pontos da praia, serão utilizados blocos de concreto para criar a estrutura que faz parte do projeto de engorda e aumento da faixa de areia da praia, que é cartão postal da capital potiguar.

O maquinário para produção dos blocos de concreto pré-moldados será instalado em um terreno localizado na Via Costeira, nas proximidades do Hotel Serhs. Desde outubro do ano passado, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) aprovou a Licença de Instalação e Operação (LIO) do enrocamento.

Apesar do cronograma de obras já pronto, o projeto de engorda da praia de Ponta Negra, criado com o propósito de conter a erosão marinha e ampliar a faixa de areia, passa longe de ser uma unanimidade, principalmente, pela questão paisagística e sanitária. No atual modelo, as pedras acabaram acumulando lixo e atraindo bichos e insetos, como ratos e baratas.

“Já foram feitas experiências de enrocamento com pedras em várias praias do Brasil. Uma das mais famosas é a de Olinda e todos já sabiam dessa questão dos ratos e todas as consequências negativas que esse tipo de proteção à erosão marinha traz”, critica Francisco Iglesias, ambientalista que acompanha as dinâmicas e projetos ligados a meio ambiente na cidade.

Mais do que uma questão ligada à natureza, ele explica que o avanço do mar sobre o calçadão, no caso da praia de Ponta Negra, é resultado da ação do homem, que levantou construções sobre a área que deveria ser de expansão do mar em certos períodos do ano, associada à inação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb), que falhou na fiscalização e permitiu o avanço do comércio sobre áreas de dunas.

“Nós, do Amigos da Natureza [uma Organização não governamental – Ong], já tínhamos feito um estudo com o professor José Maria Landim sobre a erosão, que começou em 2008 e se acentuou bastante em 2012. Além da experiência negativa com o enrocamento, tivemos ainda uma questão que, por incompetência de fiscalização da prefeitura de Natal, que assumiu convênio com o governo federal de fiscalizar, nunca fez isso com eficiência. Em 2000 foram aprovados 38 quiosques, mas além de deixar os quiosques se proliferarem, também permitiu a ação de cadeireiros, que destruíram as dunas que protegiam o calçadão. Essa ação antrópica destruiu o que havia de proteção no calçadão, que aumentou o risco de erosão. Na Ong recebemos várias denúncias, inclusive de quiosqueiros, da destruição das dunas de proteção que permitiam que mesmo na maré alta, fosse possível caminhar na praia. Dos 38 quiosques aprovados, hoje temos cerca de 120, entre cadeireiros e quiosqueiros na praia, isso também destruiu o visual do lugar. O enrocamento também piorou e enfeiou a paisagem de Ponta Negra. Teríamos alternativa? Sim, que seria ter mantido uma fiscalização rigorosa para evitar a destruição das dunas. Se isso tivesse sido feito, não teríamos chegado à situação tão grave que estamos agora”, lamenta o ambientalista.

Pelo projeto anunciado pela prefeitura de Natal, a montagem dos blocos de concreto começará da Via Costeira em direção à praia de Ponta Negra, indo ao encontro do enrocamento já construído nas proximidades do Morro do Careca. Ao todo, a estrutura terá mais 1.173 metros de extensão.

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