Lojistas reclamam de problemas no camelódromo do Alecrim

Banheiros sujos, infiltrações e presença de ratos. Esses são alguns dos problemas que atingem o Camelódromo do Alecrim, formado por cerca de 425 boxes e um dos pontos comerciais mais antigos do bairro. Principal meio de sobrevivência para vários permissionários (vendedores que obtiveram licença para trabalhar ali), os trabalhadores reclamam que a estrutura não oferece as condições mínimas necessárias.

Na parte frontal dos boxes, a visão não é atrativa aos consumidores, e já introduz os problemas que atingem o espaço. O revestimento de tinta está desaparecendo e há telhas metálicas se deteriorando, prestes a cair. Ao  adentrar pelo corredor, comerciantes e consumidores se deparam com azulejos quebrados e lixo caído no chão. Os pilares de sustentação estão enferrujados. No banheiro masculino, a situação piora: pichações estão espalhadas pelas paredes e teto. O vaso sanitário, sem qualquer limpeza e destampado, acumula grandes camadas de sujeira no assento e nas bases. Tanto nos  banheiros masculinos quanto nos femininos, não há pias para lavar as mãos após o uso do espaço.

Permissionária há 18 anos no camelódromo, Cláudia Meire desabafou acerca da infraestrutura precária que há no local. Ela relatou que a falta de pias para lavar as mãos prejudica a higiene e facilita o surgimento de doenças. “Para que a gente possa se prevenir da Covid, por exemplo, precisamos de higiene básica. Como que eu vou fazer isso, e alguém poderia exigir alguma coisa da gente, se não há condições? Fica muito precário”.

Para os vendedores, a precariedade sanitária pode sair do ambiente de trabalho e afetar suas vidas de várias maneiras. Outra a sofrer com transtornos por causa das atuais condições do camelódromo, a vendedora Luísa Inácio (permissionária no local há 7 anos) relatou que adquiriu infecção urinária por evitar o uso dos banheiros no local. 

Ela também afirma que esses e outros problemas como a ventilação insuficiente nos corredores, e também a presença de ratos e baratas afastam consumidores. “Eu trabalho porque preciso, mas essa sujeira toda afasta os clientes, que não entram aqui por nojo. Houve uma vez que umas baratinhas pequenas entraram na minha bolsa aqui. Acabei levando para casa e ela infestou a minha casa inteira”, afirmou.

Vendedor de bolsas e artigos para viagem, José de Anchieta trabalha no local há cerca de 30 anos. Ele também teme que os efeitos da deterioração da estrutura coloquem a segurança dos consumidores em risco. “A estrutura geral do prédio está em decadência. Eu temo mais pelo cliente por mim mesmo. Já estou acostumado com a estrutura, mas o cliente não”.

Revitalização

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal (Semsur) afirmou que já existe um projeto de revitalização para o Camelódromo do Alecrim e o planejamento idealizado avalia formas de realizar as obras sem interromper as atividades dos permissionários.

“A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal (Semsur) informa que tem um projeto para a reforma do camelódromo e em breve dará início às conversas com os permissionários”, disse a secretaria. A ideia da reunião é discutir estratégias que possibilitem a reestruturação sem prejudicar os comerciantes.

A Prefeitura do Natal  também planeja a requalificação da Avenida 2 e seu entorno. O trabalho será feito de maneira integrada com outras secretarias. Para isso, o município está fazendo um estudo para o remanejamento de comerciantes para prédios públicos da região. “No entanto isso ocorrerá a médio e longo prazo”, diz o Município.

A ampliação do camelódromo foi tema de uma audiência pública na Câmara Municipal em abril. O presidente da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA), Matheus Feitosa, afirmou que a ideia é que o camelódromo atual, na avenida presidente Bandeira, seja estendido na reforma para as proximidades do 5º Ofício de Notas, na mesma via. A proposta causará a perda de vagas de estacionamento no local. Mas de acordo com ele, seria a melhor opção. “A gente está pensando numa contribuição maior para o todo”, disse ele. 

Fonte: Tribuna do Norte

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