Sem trincheira, congestionamentos podem chegar a duas horas, diz STTU

Em 2034, cerca de 85 mil veículos devem passar diariamente  pela Hermes da Fonseca no trecho onde a via cruza com a Alexandrino de Alencar, área onde  está prevista a construção de uma trincheira que, segundo a STTU, irá melhorar o fluxo na área e tratar os problemas de acesso ao bairro de Nova Descoberta. De acordo com a pasta, aproximadamente 60 mil veículos circulam pelo local atualmente. A projeção representa um aumento de 41,6% em 10 anos.  Sem nenhuma intervenção, a expectativa, segundo Newton Filho,  diretor de Planejamento da STTU, é de que os congestionamentos aumentem em uma hora nos horários de pico, elevando o tempo de espera para duas horas.

Congestionamentos em horário de pico hoje provocam até uma hora de espera. Segundo a STTU, sem as trincheiras, demora pode atingir duas horas
Adriano Abreu

“Se hoje a gente tem aproximadamente uma hora de congestionamento a cada pico – pela manhã e à tarde – com o aumento da circulação de veículos, esse tempo irá para duas horas, tanto no início da manhã, quanto no final da tarde”, explica. O diretor afirma que a construção da trincheira no local irá começar a tratar problemas como esse, que fazem parte do corredor Hermes/Salgado Filho, quarto maior da cidade e que sofre com inúmeros pontos críticos atualmente. 

Além disso, a construção, segundo ele, irá resolver os gargalos referentes ao acesso a Nova Descoberta pela Alexandrino. “Nossos estudos demonstraram que, em uma perspectiva de 10 anos, se nada for feito, o corredor Hermes/Salgado Filho irá entrar em colapso por causa do crescimento da frota na via. É importante lembrar que as novas diretrizes do Plano Diretor incentivam a construção de edificações maiores na região, fazendo com que mais pessoas morem no entorno e precisem do corredor para trafegar”, afirma Newton Filho.

A construção da trincheira no cruzamento tem gerado críticas por parte de empresários e moradores das imediações, que já se mostraram contrários à realização da obra. Para eles, a trincheira trará prejuízos ao longo de sua execução e, depois de pronta, causará transtornos de acessibilidade ao comércio e moradia da região. Newton Filho, da STTU, no entanto, defende a obra. Na avaliação dele, o problema do acesso ao bairro de Nova Descoberta será o principal imbróglio a ser resolvido com a intervenção. “A gente tem um problema sério de retenções na Alexandrino, a partir das 16h, que chegam à altura do Corpo de Bombeiros, na Prudente [de Morais]. Isso acontece porque a via (Alexandrino) é um dos acessos à região de Nova Descoberta”, afirma. 

“Essa solução começa a tratar  o corredor Hermes/Salgado Filho e resolve esse problema de acesso”, completa Newton. A STTU elaborou um estudo  para avaliar os benefícios da trincheira para o trânsito na região. Com o equipamento, segundo a análise da pasta, a Alexandrino ganhará qualidade na corrente de tráfego durante o pico no final da tarde. 

Desse modo, aponta o estudo, a via, no sentido Alecrim-Parque das Dunas, passará do nível de serviço F (fluxo forçado ou congestionado) para o nível B (fluxo estável, com seleção de velocidade praticamente livre) no pico da tarde. O estudo indica que haverá redução de atraso (tempo parado na via) em cerca de 95% para quem estiver na Alexandrino, sentido Alecrim-Parque das Dunas, no pico da tarde.

O tempo, que hoje é de 331  segundos, cairá para 15 segundos. No sentido contrário, a redução será de 94% (de 107  para 6 segundos). O estudo também mede a saturação, que é quando a quantidade de veículos está próximo ao limite suportado pela via. Nesse caso, um dos destaques continua sendo a Alexandrino, no sentido do parque das Dunas, que terá a saturação reduzida em 53%, também no pico da tarde.

Construção

A trincheira, segundo Newton Filho, será construída no canteiro central, com preservação das vias marginais, no cruzamento da Hermes com a Salgado Filho. As obras deverão começar ainda este mês, mas, segundo a STTU, não existe uma data específica para o início dos serviços. “Estamos discutindo o pontapé dos trabalhos em reuniões”, disse o diretor. Inicialmente, serão feitos o recapeamento e a sinalização das vias de desvios a serem utilizadas pelos motoristas em razão das obras, como as ruas São José e Jaguarari.

Newton Filho disse que todos os níveis de planejamento de mobilidade serão respeitados com a construção da trincheira. “Os estacionamentos da região estão mantidos e o acesso ao comércio e aos imóveis também. A obra adiciona à área uma ciclovia para garantir a segurança de ciclistas, bem como a  acessibilidade de todas as calçadas, permitindo uma melhor circulação dos pedestres e será  ampliado, ainda, o parque de iluminação da região”, detalha o diretor de Planejamento da STTU.

O professor de Engenharia de Transportes da UFRN, Rubens Ramos, critica a obra e cita “que não existe problema de capacidade de tráfego” no trecho que receberá a intervenção.  “Não há nesse ponto a menor necessidade de uma intervenção desse tipo e a melhor solução já está no local, os semáforos. O congestionamento que existe se deve não a este cruzamento, mas ao corredor Salgado Filho adiante, até a Amintas Barros”, avalia.

As obras serão executadas pela  Potiguar Locações e Eventos Eireli, empresa que venceu, com proposta de R$ 24,2 milhões, a licitação para a execução dos serviços. A trincheira é uma espécie de túnel viário, que passará “por dentro” do cruzamento entre a avenida Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar. O motorista que vem pela Alexandrino passará por baixo da Salgado Filho para seguir pela via, sem semáforos. Os trabalhos terão duração de nove meses, conforme previsão da STTU.

A ideia, segundo a pasta, é destravar o cruzamento, principalmente para quem vem da Hermes no sentido Arena das Dunas e vice-versa. O semáforo atual, de três tempos, será substituído por um semáforo de pedestres. Com as obras, uma série de desvios foi anunciada pela Secretaria. 

Para quem vem dos bairros da zona Sul no sentido Centro/zona Norte, os veículos deverão acessar a rua São José, binário criado com a Rua Jaguarari, cujo acesso prioritário será por meio da Avenida Jerônimo Câmara. Outra possibilidade de desvio seria as ruas da área militar do 16° Batalhão de Infantaria do Exército, mas a STTU não obteve autorização da União.

Já para quem trafega no sentido dos bairros da zona Leste para a região Sul/Parnamirim, os desvios da Hermes da Fonseca deverão serem acessados pela  rua Alberto Maranhão e, em seguida, pegar as avenidas Romualdo Galvão, Prudente de Morais ou Jaguarari. 

Uma vez nessas rodovias, o motorista pode optar por entrar na Nevaldo Rocha, Antônio Basílio, Amintas Barros e assim sucessivamente para voltar para o fluxo. Durante o período de obras, o transporte público coletivo contará com faixa exclusiva na Avenida Romualdo Galvão e Rua Alberto Silva.

Fonte: Tribuna do Norte

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