Em cinco anos, arrecadação de ISS cresce 10 vezes com empresas de TI

As empresas credenciadas no Metrópole Parque, polo de TI do Instituto Metrópole Digital (IMD), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), aumentaram em 10 vezes a arrecadação de impostos do Município, na área de empreendimentos de tecnologia. Em 2017, ano de fundação do parque tecnológico, a Prefeitura de Natal arrecadava cerca de R$ 150 mil com as empresas de TI. Em 2022, essa cifra saltou para R$ 1,5 milhão, fruto de uma parceria entre Executivo e IMD, que beneficiou as empresas do parque com uma redução – de 5% para 2% – do Imposto Sobre Serviços (ISS) cobrado em Natal.

Os números são exemplos da influência direta das empresas do Metrópole Parque na economia local, afirma o diretor da entidade, Rodrigo Romão. “Apesar de termos uma abdicação fiscal, ou seja, há uma redução de 5% para 2%, o faturamento da Secretaria Municipal de Tributação, de empresa de tecnologia, aumentou em 10 vezes. A política pública de incentivo trouxe mais empregos porque aumentou a arrecadação. É uma lógica um pouco invertida, mas que a gente consegue comprovar por números”, comenta o diretor.

Neste ano, o Metrópole Parque atingiu a marca de 2,5 mil empregos gerados e 100 empresas de tecnologia credenciadas para atuar nos segmentos de saúde, indústria, gestão, educação, direito, entre outros. Somente em 2021, quando o parque abrigava 77 empresas, os negócios vinculados ao parque tiveram um faturamento conjunto de cerca de R$ 200 milhões, de acordo com o último levantamento da entidade. Há seis anos, o ambiente é vetor de desenvolvimento e promoção da pesquisa e inovação no campo da tecnologia da informação.

Além da redução no ISS, os empreendimentos podem ter acesso a outros benefícios via Parque. De acordo com a Lei Complementar Municipal (nº 167/2017), as empresas de Tecnologia da Informação e Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), que se instalam no Metrópole Parque, podem ser beneficiadas com redução de até 75% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); redução de 30% no Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Intervivos (ITIV); e isenção na Licença de Localização do imóvel.

O impacto do Parque Tecnológico do Instituto Metrópole Digital (IMD) na economia da cidade transcende os empregos diretos gerados pelas empresas nele sediadas. De acordo com o diretor do instituto, Ivonildo Rego, a demanda por serviços locais, como restaurantes, moradias e transporte impulsiona o comércio local, contribuindo diretamente na geração de receita tributária. Ivonildo acrescenta que o ecossistema tecnológico estimula o surgimento de empresas subsidiárias e fornecedores especializados, criando uma cadeia produtiva que se estende para além dos limites do parque tecnológico em si.

“O impacto no Rio Grande do Norte é muito evidente. Eles estão produzindo tecnologias que estão melhorando empresas do estado, que otimizam a própria cadeia produtiva estadual. São empresas que estão apoiando outras empresas na área de eólica, petróleo, oficinas de costura e diversas outras. o grande segredo do IMD foi ter dosado esse ambiente com uma boa formação de gente. Isso gera um impacto positivo de trazer inovação, empreendedorismo. É um benefício para toda a cadeia do Estado, do setor privado ao público”, conta o diretor do IMD.

O diretor do parque, Rodrigo Romão, detalha que o aumento na arrecadação do Município demonstra a efetividade da política pública de renúncia fiscal. “Além disso ter um impacto considerável na sociedade em geral, que é beneficiada com maior arrecadação que pode ser reinvestida na cidade, uma métrica que eu consigo ver muito é o aumento da geração de emprego”, destaca o diretor do Metrópole Parque. Segundo ele, a instituição tinha 31 empresas e gerava cerca de 500 empregos em 2019.

Tecnologia é aliada ao desenvolvimento local, diz Sempla

A secretária de Planejamento de Natal (Sempla), Joanna Guerra, diz que as legislações contribuem para estruturar um ecossistema de inovação em Natal. “Esse ambiente regulatório e a concessão dos incentivos fiscais são fundamentais para consolidação desse parque tecnológico”, comenta. “Hoje a gente vê o resultado significativo que o Metrópole Parque traz para Natal, com geração de emprego e renda. Todo credenciamento de empresa passa por um trabalho integrado das secretarias no que diz respeito a enxergar, identificar parcerias e soluções tecnológicas que ajudem o município no desenvolvimento e operacionalização de suas políticas públicas”, destaca.

O secretário de Tributação de Natal (Semut), Ludenilson Araújo Lopes, reconhece a importância do projeto, mas vai além. Ele cobra mais contrapartidas por parte do Instituto. “Parceria é mão dupla. Seria o Município renunciar essa receita e, por exemplo, ter uma contrapartida, desenvolver sistemas na área de TI para a municipalidade, dentre outras atividades que por lá são desenvolvidas. Isso é uma coisa que eu vejo como um ‘pé-quebrado’, que descaracteriza bastante a questão da parceria”, destaca o chefe da Tributação de Natal.

Ludenilson diz ainda que está em contato com os gestores do Parque para viabilizar um “retorno” da instituição para a Prefeitura. “Eu já estive em contato com o pessoal do IMD levantando essa questão porque acho que ela é justa. O Município precisa tanto de avançar, de ter sistemas, aplicativos, isso seria bom para a própria sociedade. Por exemplo, aplicativos que viessem a melhorar o atendimento ao público. Vejo que tem um gargalo muito grande de contrapartida. Essas empresas que estão sendo beneficiadas pela redução de impostos poderiam chegar junto para dar esse retorno à sociedade”, complementa.

O que

A TRIBUNA DO NORTE começou, no último fim de semana, a série “RN: Polo de TI”  para abordar temas relacionados a desenvolvimento tecnológico e inovação no Rio Grande do Norte. Nesta edição, a reportagem destaca o efeito das políticas de renúncia fiscal no Município.

Tribuna do Norte

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