Direção do presídio de Mossoró é afastada depois de fuga histórica

Ocorreu no Rio Grande do Norte, nesta quarta-feira 14, a primeira fuga registrada em uma penitenciária federal brasileira. Vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, a unidade de Mossoró, no Oeste potiguar, faz parte de um sistema que conta com outras quatro unidades, em Catanduvas/PR, Campo Grande/MS, Porto Velho/RO e Brasília/DF.

Os dois fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 34 anos, também conhecido como “Tatu” ou “Deisinho”. Ambos são do Acre e estavam na penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro de 2023.

De acordo com as investigações, os presos estavam diretamente envolvidos na rebelião ocorrida no Presídio Antônio Amaro Alves, no Acre, em 26 de julho de 2023.

Eles estariam ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), ligada a Fernandinho Beira-Mar, que está preso na mesma unidade. Condenado a 317 anos de prisão, Beira-Mar foi transferido à penitenciária localizada na cidade do Oeste do Rio Grande do Norte em janeiro deste ano. A operação aconteceu em sigilo.

A CNN Brasil apurou que a fuga aconteceu às 3h17 da madrugada. Os fugitivos teriam escalado uma das luminárias e obtido acesso ao teto. Depois, cortaram a cerca e pularam. Ao contrário da penitenciária de Brasília, o presídio de Mossoró não tem uma muralha para contenção.

Os investigadores trabalham com a possibilidade de falha humana ou cooptação. Isso porque ainda não há respostas sobre como eles atravessaram pelo menos 3 portas – cela, corredor e pátio – e como burlaram o circuito fechado de câmeras de TV.

O Ministério da Justiça suspeita que uma obra no pátio do Presídio Federal tenha diminuído a segurança da unidade, acarretando a primeira fuga do Sistema Penitenciário Federal.

Segundo integrantes do Ministério, por conta da obra, um detector de metais estava desativado e os agentes penitenciários não estavam passando pelo procedimento, então poderia entrar com material que normalmente é proibido.

Por meio de nota, o Governo do RN afirmou que presta apoio ao sistema prisional federal, incluindo patrulhamento aéreo com o helicóptero Potiguar 02, que está em Mossoró.

“Importante destacar que o Governo do Estado já fez contato com as secretarias de Segurança Pública da Paraíba e do Ceará para a realização de ações integradas de reforço policial nas divisas entre os estados”, comunicou o governo estadual.

PROVIDÊNCIAS

Na noite de ontem, o Ministério da Justiça informou que a direção da penitenciária foi afastada. No lugar, o ministro Ricardo Lewandowski nomeou um interventor para comandar a gestão do presídio.

O ministro também determinou a revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.

Além disso, o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, foi enviado a Mossoró. Uma investigação foi aberta para apurar as circunstâncias da fuga dos detentos.

Procurada, a Polícia Federal comunicou que investiga as circunstâncias da fuga e está empenhada com as demais forças de segurança na recaptura dos fugitivos. Além da Polícia Federal, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participam das buscas pelos fugitivos, assim como as forças de segurança estaduais.

Inaugurado em 2009, o presídio fica numa área rural de Mossoró. Tem capacidade para abrigar 208 detentos e área coberta de 13 mil metros quadrados. Desde então, é utilizada para isolar criminosos de alta periculosidade e evitar que continuem cooptando outros presos. Além de Fernandinho Beira-Mar, outras figuras do mundo do crime já passaram pelo local, como Marcinho VP, outro líder do Comando Vermelho.

Oposição quer ouvir Lewandowski a respeito de fuga

O tema repercutiu também no Congresso Nacional. Na Câmara, o deputado Sanderson (PL-RS), presidente da Comissão de Segurança Pública, afirma que o ministro Ricardo Lewandowski será convocado. Ele ressalta que as fugas do sistema prisional federal eram consideradas “impossíveis” e apontou que a situação é o “exato retrato do caos que virou a segurança pública”.

No RN, o deputado federal General Girão (PL) fez críticas ao governo federal. “Infelizmente tivemos a primeira fuga de presos do sistema penitenciário federal. Isto é uma vergonha. Tive a oportunidade de visitar mais de uma vez a penitenciária Mário Negócio em Mossoró e vi a seriedade com que o diretor e seus policiais penais estavam tratando os presos. Agora, com essa bondade toda com os marginais, com os bandidos, é claro diga-me com quem andas que eu te direi quem és, primeira fuga de dois presos de alta periculosidade em Mossoró. Isto é, esses caras devem estar fazendo e acontecendo entre o Ceará e o Rio Grande do Norte. E aí? Quem vai resolver essa parada?”, disse em uma rede social.

Outro deputado do RN a criticar o acontecimento nas redes sociais foi Sargento Gonçalves (PL). “Inclusive aqueles que apostavam que, com a chegada do novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a situação iria mudar, apostaram errado. Inclusive, o atual ministro é um dos defensores do desencarceramento de criminosos, daquela turma que defende a humanização do criminoso. Infelizmente, essa é a realidade da segurança pública do nosso País na gestão de um governo de esquerda, do PT. É o cidadão de bem preso em sua própria casa, refém da criminalidade, amedrontado, oprimido pelo crime, enquanto o bandido deita e rola”, falou.

 

Agora RN

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