Um dos únicos ministros a falar na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o primeiro escalão do governo nesta segunda-feira, 18, o chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, dedicou seu pronunciamento às buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), apurou o Estadão.
As buscas pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, completaram um mês na semana passada. Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça foram os primeiros a escaparem de uma cadeia federal, sistema que existe desde 2006. Cerca de 500 agentes tentam recapturar os fugitivos, ligados ao Comando Vermelho (CV), mas fracassaram até agora diante das táticas usadas pelos detentos e pela geografia da caatinga potiguar.
Internamente, a percepção é de que o maior dano à imagem do governo não foi a fuga em si, mas a demora na recaptura incomoda. O caso expôs ainda problemas da unidade federal, que tinha câmeras desativadas e iluminação precária. Os homens escaparam pela estrutura da luminária, que foi quebrada, e cortaram grades externas com alicates.
A fuga no Rio Grande do Norte aconteceu poucos dias depois de Lewandowski assumir a Justiça após a saída de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF). Há policiais de diversos Estados, além de forças federais, procurando os fugitivos, mas nenhum deles foi recapturado até o momento. O caso se tornou um flanco para o governo na área de segurança pública.
FUGITIVOS
Durante o período das buscas, a dupla de criminosos já fez uma família refém, conseguindo comunicação com comparsas de outros Estados. Posteriormente, Deibson e Rogério se alojaram em um sítio, cujo proprietário foi posteriormente preso pela PF sob suspeita de ter ajudado a esconder os fugitivos; ele diz que foi mantido refém e obrigado a prestar apoio. Já houve seis presos sob a acusação de ajudarem na fuga de alguma forma; as prisões foram em cidades do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Os fugitivos voltaram a aparecer e teriam deixado novo rastro. Eles teriam tentado invadir uma casa da região, mas desistiram.
Além de Lewandowski, os únicos ministros que falaram foram Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Nísia Trindade (Saúde), Cida Gonçalves (Mulheres), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Secom). O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, também teria feito um pronunciamento rápido.
A portas fechadas, Lula desdenhou de pesquisas
Em meio à queda na aprovação de seu governo, o presidente Lula desdenhou de pesquisas durante a parte fechada da reunião ministerial da segunda-feira (18), a primeira de 2024.
Segundo relatos obtidos pelo portal Metrópoles, Lula afirmou que a última pesquisa com a qual se preocupou foi uma publicada no início da campanha eleitoral de 1989, quando disputou a Presidência da República pela primeira vez.
O petista afirmou que, como acabou indo para o segundo turno das eleições contra Fernando Collor, ao contrário do que previam as pesquisas, resolveu, então, não mais se preocupar com esses levantamentos.
Segundo ministros, o presidente usou a lembrança para dizer que aprendeu que pesquisas seriam retratos do momento e que é preciso ter calma ao analisar os resultados.
Em sua fala pública durante o início da reunião, Lula já tinha culpado, indiretamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a imprensa pelo desempenho ruim do governo nas recentes pesquisas.
O petista recorreu mais uma vez à tese da herança maldita que recebeu de Bolsonaro e culpou a mídia por não divulgar o que ele acredita serem números positivos do governo.
Eleições 2024
Ainda na reunião ministerial desta terça, Lula reforçou orientação para que seus ministros não deixem as eleições municipais de outubro de 2024 atrapalharem o trabalho do governo.
Segundo relatos, o petista afirmou ser natural que seus auxiliares se envolvam nas campanhas, mas ponderou que isso não pode comprometer o trabalho do governo federal.
No encontro, o presidente ainda cobrou ministros para que programas prometidos sejam tirados do papel e cheguem, sobretudo, à “ponta” da população mais carente.
Tribuna do Norte