O júri popular que julgará os quatro policiais militares acusados pela morte do jovem Giovanni Gabriel de Souza Gomes deve começar ainda na manhã desta terça-feira (4). O julgamento acontece na 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnamirim e, desde as primeiras horas do dia, amigos, familiares e manifestantes de movimentos de luta por justiça pela morte de Gabriel estão presentes no local. A expectativa é de que o júri dure quatro dias, sendo ouvidas as testemunhas de defesa e acusação já neste primeiro dia.
Antes do júri iniciar, a mãe de Gabriel, Priscila Sousa, falou sobre a expectativa. “Hoje estou com o sentimento de justiça. Eu consegui chegar aqui, trazer os réus. Foram quatro anos de espera. Para mim, parece que foi ontem, mas foram quatro anos de luta e eu consegui. O sentimento é de que a justiça está sendo feita”, disse.
Abordada pela imprensa ao chegar ao local, a promotora do caso, Fernanda Lacerda, enfatizou a certeza da acusação. “A acusação é fundada em provas sólidas. Eu acompanhei esse processo desde a fase de inquérito, ninguém fica feliz em denunciar policiais militares que exercem uma função muito nobre. Mas nesse caso, o Ministério Público tem certeza da culpa dos quatro acusados. E uma das provas realmente muito relevantes são as conversas que foram extraídas do telefone de um dos acusados. Não temos só essas provas, temos muitas outras, que indicam a autoria, os motivos, todo o fato que ocorreu. O Ministério Público confia que a justiça seja feita”, pontuou.
Já o advogado de defesa do policial militar Paullinelle Sidney Campos Silva, Jailton Paraguai, afirmou que não há provas que indiciem seu cliente. “Não há prova nos autos de que ele tenha participado [do crime]. A estação de rádio-base não acusa que ele estava em Parnamirim. O que o Ministério Público alega é que ele tenha mandado executar. Ele já tinha encontrado o carro, ele se desloca do quartel dele em Goianinha, vai até o posto da Polícia Rodoviária Federal em São José de Mipibu e lá chegando, ele sabe que o carro já foi encontrado. Acabou a história. O carro tinha seguro, ele não sabia quem tinha feito o assalto. Então, ele volta pra Goianinha e segue o serviço dele normal”, diz o advogado.
SOBRE O CASO
Giovanni Gabriel foi morto em 2020, aos 18 anos. Ele morava no bairro Guarapes, na zona oeste de Natal, e no dia 5 de junho de 2020, havia saído para visitar a namorada no Loteamento Cidade Campestre, em Parnamirim. De acordo com o relato, Gabriel escondia a bicicleta perto da casa da namorada para evitar conflitos com o pai dela, que não aprovava o relacionamento.
Naquela manhã, a Polícia Militar foi acionada devido ao roubo de um carro em Parnamirim, pertencente à cunhada de Paullinelle Sidney Campos Silva, um dos sargentos da PM. Silva, junto com os agentes Bertoni Vieira Alves, Valdemi Almeida de Andrade e Anderson Adjan Barbosa de Sousa, todos lotados em Goianinha, iniciou a busca pelo veículo.
Gabriel foi encontrado pelos policiais próximo ao local onde o carro roubado estava. Apesar de explicar que estava apenas visitando a namorada, Gabriel foi abordado, liberado e novamente interceptado por outra viatura após moradores da região alertarem os policiais. Mesmo tendo informado que já havia sido abordado, ele foi colocado no porta-malas de um carro policial, sendo esta a última vez que foi visto com vida.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, Giovanni Gabriel foi executado a tiros pelos policiais, e seu corpo foi deixado em São José de Mipibu, a cerca de 30 km de Natal e 20 km de Parnamirim. O corpo foi encontrado em 14 de junho, após intensas buscas por amigos e familiares.
Os policiais acusados, Paullinelle Sidney Campos Silva, Bertoni Vieira Alves, Valdemi Almeida de Andrade e Anderson Adjan Barbosa de Sousa, poderão responder por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. Eles estão atualmente em liberdade. Giovanni Gabriel sonhava em ser professor de educação física e servir ao Exército.
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Foto: Reprodução