Cresce o número de doenças respiratórias em crianças em Natal

As unidades de saúde de Natal registraram uma média de 6,2 atendimentos pediátricos diários por problemas respiratórios entre os meses de junho e julho de 2024. Ao todo, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 376 crianças foram admitidas com diagnósticos relacionados ao sistema respiratório nas unidades da Rede de Urgência e Emergência (RUE). Os diagnósticos mais frequentes são pneumonia, asma e bronquiolite e estão relacionados às mudanças sazonais do clima e fatores ambientais, destacam especialistas.

Na percepção dos profissionais de saúde, o aumento é considerável nos atendimentos pediátricos, embora a SMS não tenha o monitoramento dos dados para outros períodos do ano. No Pronto-socorro Infantil da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Brasília Teimosa, a demanda é elevada, diz a enfermeira Jamilly Carla. “Muitas vezes é uma pneumonia de repetição, que já foi iniciado o tratamento em casa, mas que não funcionou e aqui a gente faz o ciclo completo. Atendemos aqui 24 horas e à noite os atendimentos tendem a ser maiores”, afirma.

O diagnóstico mais frequente entre os casos de internação é a pneumonia, uma condição séria que, quando não tratada de forma adequada, pode levar a complicações severas, exigindo internação e cuidados intensivos. A asma e a bronquiolite também aparecem como causas recorrentes de internação. Essas condições respiratórias, segundo os profissionais de saúde, estão fortemente associadas às mudanças de temperatura, à qualidade do ar e à vulnerabilidade imunológica das crianças, o que faz com que o período, caracterizado por um clima mais seco e frio, seja particularmente crítico.

A situação nos hospitais pediátricos também reflete a pressão crescente sobre o sistema de saúde. Segundo a plataforma Regula RN, plataforma da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), que monitora a ocupação de leitos no Estado, os 30 leitos de UTI pediátrica de Natal estão com 100% de ocupação, enquanto 76,3% dos 91 leitos de enfermaria estão preenchidos, demonstrando a gravidade e o volume dos casos que exigem internação.

O aumento no número de casos de doenças respiratórias em crianças, segundo especialistas, não é um fenômeno isolado, mas parte de um conjunto de fatores. Durante o período mais frio do ano, é comum que doenças respiratórias, como resfriados, gripes, bronquiolites e pneumonia, tornem-se mais prevalentes, explica a pneumologista Suzianne Lima. “Além disso, a gente vive um momento atípico porque já era para estar mais quente, mas ainda temos chuvas, ventanias, principalmente quando vai caindo a tarde”, diz.

A pneumologista Suzianne Lima reforça a importância de medidas preventivas no combate ao contágio de doenças respiratórias. Entre as orientações, ela destaca a necessidade de reduzir o uso de ar-condicionado, principalmente em ambientes fechados e por longos períodos. “A gente vive na era do ar-condicionado. Na escola, por exemplo, no caso de uma contaminação, o vírus vai circular. Claro que depende da condição de cada um, mas seria importante não mandar a criança para a escola quando estiver com sintomas”, explica Suzianne.

A pneumologista também alerta para os riscos de aglomerações, especialmente em locais pouco ventilados. “Evitar aglomerações, não ir, por exemplo, no supermercado naquele horário que você sabe que vai ter muita gente porque as pessoas estão transmitindo de umas para as outras. A gente está vivendo uma epidemia de mycoplasma, que é uma bactéria que dá sintomas muito lentos e muitas vezes, quando a gente vê, já é uma pneumonia porque ela já ficou muito tempo no organismo”, detalha a profissional.

 

Tribuna do Norte

Foto:Magnus Nascimento

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