O Movimento Armorial é uma corrente artística que promove a fusão de elementos populares e eruditos da cultura brasileira, criada pelo mestre paraibano Ariano Suassuna (1927-2014) na década de 70. Para celebrar meio século dessa ação que abriu um novo caminho na arte nacional, Natal receberá a mostra Armorial 50, dia 1º de novembro (sexta), na Pinacoteca do Estado, Cidade Alta. A programação contará com exposição, rodas de conversa e apresentações musicais. A idealização e coordenação é da produtora Regina Rosa de Godoy.
A exposição apresentará cerca de 140 obras de artistas fundamentais para o Movimento Armorial, como o seu criador, Ariano, além de Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna, J. Borges, Romero Andrade Lima e Lourdes Magalhães, entre outros. As peças são provenientes de coleções particulares e instituições como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, a Oficina Francisco Brennand, entre outros.
A exposição traz, entre outras preciosidades, figurinos do filme “A Compadecida” (1969), primeiro longa-metragem baseado na peça “Auto da Compadecida”, clássico mais conhecido de Ariano. São desenhos originais de Francisco Brennand e recriações de Flávia Rossette. Há também iluminogravuras de Ariano, litogravuras, cerâmicas e tapeçarias de Zélia Suassuna, pinturas de Romero de Andrade Lima e Manuel Dantas Suassuna.
Segundo a curadora Denise Mattar, a exposição é bastante fiel à proposta de Ariano Suassuna. “Ela apresenta às novas gerações o trabalho pioneiro e engajado do autor, mostrando como ele propunha uma volta às raízes brasileiras, com profundo respeito à diversidade e às tradições, mas apresentando tudo de forma mágica, lúdica e plena de humor — um humor que faz pensar”, explicou ela, cujo curadoria também teve consultoria do artista plástico Manuel Dantas Suassuna e do poeta e professor da UFPE, Carlos Newton Júnior.
A coordenadora Regina Rosa de Godoy ressaltou que a Mostra Armorial 50 faz menção ao Circo da Onça Malhada, que reunia a trupe de artistas nas icônicas aulas-espetáculo, permanece vivo em uma nova edição, mostrando a força e intensidade de Ariano e do Movimento Armorial. “Estamos percorrendo o Brasil, levando o legado de Suassuna e o espírito do Armorial a diferentes públicos, assim como ele fazia ao viajar pelo interior, acompanhado de músicos, bailarinos e cantores”, disse.
Além da exposição, a mostra Armorial 50 conta com rodas de conversa e programação musical. Os eventos “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” e “Encontros Petrobras de Música Armorial” acontecerão em paralelo à exposição, e prometem recriar a atmosfera de troca cultural que marcaram o surgimento do movimento.
“O Armorial é uma das grandes contribuições do Brasil para a arte mundial. Ele resgata as nossas raízes de uma maneira profunda, mas lúdica, e isso é o que o torna tão atual. É importante que o público de hoje tenha contato com essa obra, que dialoga com o passado, mas ao mesmo tempo se conecta com as demandas culturais do presente”, disse Regina.
O projeto Armorial já passou por cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Campina Grande, Recife e Salvador, sempre despertando grande interesse e atraindo um público de mais de 400 mil pessoas. Na nova temporada pelo Nordeste, a mostra vai ganhar novos contornos devido ao patrocínio oficial da Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Serviço:
Exposição Armorial 50. Abertura no dia 1º de novembro (sexta), na Pinacoteca do Estado, Cidade Alta. Visitação de terça a sexta, das 8 às 17h; sábados e domingos, das 9 às 16h. Ingressos gratuitos devem ser retirados no Sympla. A mostra ficará aberta até 02 de fevereiro de 2025.
TRIBUNA DO NORTE
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