Donald Trump será o 47.º presidente dos Estados Unidos. O republicano volta a Casa Branca depois de ter conquistado o número necessário de 270 delegados no colégio eleitoral e ter derrotado a democrata Kamala Harris nas eleições de terça-feira, 5. Trump retorna à Casa Branca depois de quatro anos marcados por processos na Justiça.
O republicano, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em julho, vai governar um país dividido e com severos desafios internos relacionados à imigração, transição energética, acesso ao sistema de saúde e dependência química. Na política externa, Trump terá de lidar com as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e com a competição econômica e influência cada vez maior da China.
Desta vez, Trump se torna o homem mais velho a ocupar o cargo de presidente, aos 78 anos e 140 dias. Ele supera o antecessor e algoz nas eleições de 2020, Joe Biden. Também é o primeiro desde Groover Cleeveland, em 1893, a voltar à Casa Branca após perder a reeleição e ser eleito depois de uma condenação criminal em primeira instância.
A volta de Trump é uma resposta do eleitor americano a quatro anos de um governo democrata marcado pela alta da inflação, que elevou o custo de vida dos americanos e reaproximou os eleitores do Partido Republicano. Também é um sinal claro de que os eleitores americanos estão mais preocupados com a questão da imigração, tida como fora de controle, do que com outros temas. As acusações criminais contra o ex-presidente, que responde a processos de conspiração contra os EUA, retenção de informações de defesa nacional e suborno, não foram suficientes para minar sua popularidade.
Com uma vitória também no voto popular, com mais de 71 milhões de eleitores, a volta de Trump é um sinal claro de que o eleitor americano apoia a ideia de deportação em massa de imigrantes ilegais, fim da globalização e um basta ao identitarismo que tomou conta da esquerda e dos progressistas americanos.
A campanha do republicano foi marcada por uma retórica mais agressiva contra imigrantes e a memória de bonança econômica de seu primeiro mandato. Trump retomou o movimento Make America Great Again (“Faça a América Grande de Novo”, traduzido em português), que se popularizou na eleição de 2016. Ele promete deportar 11 milhões de imigrantes ilegais e adotar protecionismo econômico contra rivais americanos, em especial a China. “Eles (os imigrantes) estão envenenando o sangue de nosso país”, afirmou em diversos comícios.
O republicano também falou abertamente sobre usar o Departamento de Justiça para perseguir rivais, tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata. Entre eles, estariam a deputada Liz Cheney, Joe Biden e a rival, Kamala Harris. Trump também fez alusão à censura contra a imprensa americana e espalhou durante a campanha mentiras contra imigrantes, como a afirmação de que estariam comendo animais domésticos na cidade de Springfield, em Ohio – o que desencadeou ameaças e aumento da violência na região. Ele também prometeu perdão e liberdade aos responsáveis pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Estadão
TRIBUNA DO NORTE
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