O descarte inadequado de medicamentos representa uma ameaça significativa tanto à saúde pública quanto ao meio ambiente. Substâncias químicas provenientes de remédios descartados incorretamente podem contaminar o solo, a água e retornar à cadeia alimentar, com impactos alarmantes para os ecossistemas e a população. O Projeto Descarte Consciente, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (Nuplam/UFRN), busca combater esses problemas por meio da educação e da coleta segura de medicamentos.
Desde seu início, em 2016, o projeto já recolheu 4,5 toneladas de resíduos farmacêuticos, sendo mais de meia tonelada apenas em 2024, evitando que essas substâncias contaminassem o ambiente ou fossem reutilizadas de maneira inadequada. “Ao descartar o medicamento de forma incorreta, ele pode ir para o lixão, onde qualquer pessoa pode reutilizá-lo indevidamente, ou ser despejado na pia ou no vaso sanitário, contaminando o lençol freático”, explica Lourena Mafra, professora do Departamento de Farmácia da UFRN, vice-diretora do Nuplam e coordenadora do projeto.
Localizada no Centro de Convivência do Campus Central da UFRN, a estação coletora do Descarte Consciente recebe medicamentos sólidos, líquidos e está se preparando para começar a também ser descarte de cosméticos. No espaço, alunos do curso de Farmácia ficam disponíveis para explicar os riscos dos medicamentos vencidos e a importância do descarte correto. As diretrizes da logística reversa de medicamentos vencidos ou em desuso já são regulamentados nacionalmente através do Decreto Nº 10.388, de 5 de junho de 2020, envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores.
A professora Lourena reforça que a população também pode procurar farmácias que disponham de estações coletoras, pois essas redes realizam a devolução dos medicamentos para os distribuidores e indústrias, garantindo o descarte seguro. Outro objetivo de conscientização promovido pelo projeto é a orientação sobre o consumo racional de medicamentos. Além do risco de intoxicação, medicamentos vencidos ou mal armazenados podem perder sua eficácia ou gerar substâncias degradadas prejudiciais.
O uso compartilhado de medicamentos também é um problema recorrente, em especial aqueles que possuem contato direto com alguma parte de fácil contaminação.Ela também destaca a importância de descartar corretamente remanescentes de tratamentos anteriores, pois as condições de uso podem não ser adequadas para novos quadros.
O projeto do Nuplam/UFRN não recebe resíduos médico-hospitalares, como seringas ou agulhas, ou veterinários. Porém, aceita medicamentos humanos em formas como comprimidos, xaropes, cremes e pomadas. No caso de embalagens de papel, elas podem ser descartadas no lixo comum, por serem recicláveis.
Tribuna do Norte
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