Especialistas alertam sobre a incontinência urinária

A incontinência urinária, caracterizada pela perda involuntária de urina, é um problema de saúde que afeta pessoas de todas as idades, com maior incidência em mulheres. No Rio Grande do Norte, especialistas alertam para a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado, já que a condição pode impactar diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Neste mês de março, a Sociedade Brasileira de Urologia do RN (SBU-RN) participa de uma campanha nacional para conscientizar a população sobre os sintomas e as formas de prevenção.

A doença pode se manifestar em diferentes formas, sendo as mais comuns a incontinência de esforço, que ocorre durante ações como tossir, espirrar ou rir; a de urgência, quando a vontade de urinar surge de maneira súbita e intensa; a mista, que combina os dois tipos anteriores; e a de transbordamento, caracterizada pelo esvaziamento incompleto da bexiga, levando ao vazamento involuntário. “É quando a pessoa não consegue segurar a urina até chegar ao banheiro”, explica Rafael Pauletti, médico urologista e presidente da SBU-RN.

A perda do controle urinário pode estar associada a diversos fatores. Crianças podem apresentar episódios de enurese noturna, com escapes de urina durante o sono, muitas vezes relacionados a alterações no desenvolvimento do controle da bexiga e a distúrbios comportamentais, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e ansiedade. Em mulheres adultas, a condição pode ser desencadeada por gravidez, parto e menopausa, além de infecções urinárias e cálculos renais.

“Nos homens, os pacientes em tratamento psiquiátrico por depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) estão mais propensos a desenvolver incontinência, assim como aqueles com problemas de próstata ou lesões de uretra por trauma”, detalha Pauletti. O envelhecimento também é um fator de risco. Em idosos, o comprometimento da musculatura da bexiga e da uretra, somado a doenças neurológicas como Parkinson, Alzheimer, AVC e tumores cerebrais ou na coluna, pode levar à perda do controle urinário.

Em alguns casos, a incontinência urinária pode ser um sintoma de doenças graves. “Ela pode indicar a presença de um tumor de coluna, um tumor cerebral de crescimento lento, intoxicação por uso de medicações controladas e até diabetes descontrolada”, alerta o especialista. Entre os principais sintomas, a mudança no padrão miccional é um dos mais evidentes. O paciente pode perceber um aumento na frequência ao longo do dia, redução do volume de urina, desejo súbito e incontrolável. Além disso, o despertar noturno frequente para urinar, em mais de duas ocasiões por noite, pode ser um indicativo da disfunção.

O diagnóstico da incontinência urinária pode ser feito de forma simples, muitas vezes a partir da conversa com o paciente e do exame físico. Em alguns casos, o registro da ingestão de líquidos e da frequência urinária em aplicativos pode auxiliar na identificação. “Exames laboratoriais, como a taxa de açúcar no sangue e o nível de hormônios, também podem ajudar. O ultrassom é outra ferramenta fundamental, pois permite verificar a presença de lesões na bexiga e medir o volume de urina residual. Já exames específicos, como a fluxometria e o estudo urodinâmico, auxiliam na definição do tipo de incontinência e na escolha do melhor tratamento”, explica Pauletti.

Prevenção

A prevenção passa por hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, que fortalece a musculatura ao redor da bexiga, e a adoção de uma alimentação equilibrada, com menos aditivos químicos e consumo moderado de cafeína e sucos cítricos. Além disso, o acompanhamento médico anual é essencial para monitorar eventuais mudanças no hábito miccional e garantir um diagnóstico precoce.

O tratamento da incontinência urinária varia de acordo com a causa e a gravidade do caso. Crianças e adultos podem ser beneficiados pelo reaprendizado do ato de urinar, que envolve técnicas como posicionamento correto no vaso sanitário e evitar o esforço excessivo durante a micção. “Há também a fisioterapia e a estimulação elétrica dos nervos da bexiga, que auxiliam no controle da urina. O uso de medicamentos orais, aplicação de botox dentro da bexiga e, em alguns casos, cirurgias podem ser indicados”, afirma o especialista.

 

Tribuna do Norte

Foto: Freepik

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