IBGE: rendimento médio dos potiguares é o melhor do NE

O rendimento médio dos potiguares ficou em R$ 2.448 em 2024, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor coloca o Rio Grande do Norte com o melhor rendimento entre os estados do Nordeste, mas abaixo da média nacional, que chegou a R$ 3.057. O RN ficou em 16º lugar no ranking com os 26 estados e o Distrito Federal, que alcançou rendimento maior (R$ 5.147) no País, seguido de São Paulo (R$ 3.785), Rio de Janeiro (R$ 3.618), Santa Catarina (R$ 3.590) e Rio Grande do Sul e Paraná (ambos com R$ 3.571).

O economista Helder Cavalcanti avalia que, de um modo geral, os dados apresentados pela Pnad Contínua mostram o reflexo dos programas de inclusão do Governo. Além disso, a situação do Rio Grande do Norte, segundo ele, tem a ver com os impactos da geração de energia na região do Vale do Açu e dos investimentos no setor petrolífero. “O petróleo ainda é uma fonte de energia muito valorizada em termos de exportação e traz o aspecto da prestação de serviços que envolve a cadeia de produção da energia alternativa. Outro aspecto relevante é o crescimento do turismo”, avalia o especialista.

Cavalcanti analisa como positivo o desempenho do RN à frente dos demais estados do Nordeste, mas discorre que é preciso intensificar as políticas públicas para combater desigualdades. “Menciono aqui o estímulo à igualdade de gênero e também à melhoria da renda das pessoas de menor formação cultural e acadêmica”, explica o economista. As informações da Pnad Contínua indicam que o maior aumento absoluto ocorreu entre os potiguares que completaram o ensino fundamental (de R$ 1.327 para R$ 2.660), mais que dobrando o rendimento.

Já entre os que possuem ensino superior completo, o valor manteve-se praticamente estável, com leve redução (de R$ 5.670 para R$ 5.659). Homens continuaram a apresentar rendimento médio mensal do trabalho superior ao das mulheres. Em relação a 2023, o rendimento deles aumentou de R$ 2.624 para R$ 2.955,00, enquanto o das mulheres passou de R$ 2.333 para R$ 2.543. Ainda que ambas as médias tenham crescido, a diferença entre os sexos se manteve: R$ 411 em 2023 e R$ 412 em 2024. Segundo o IBGE, o dado aponta para a persistência da desigualdade entre os sexos, mesmo que tenha havido ganhos reais para ambos os grupos no período analisado.

De forma simultânea ao incremento da renda, os brasileiros têm que lidar com a disparada dos preços, de modo particular, dos alimentos. O economista Helder Cavalcanti define a inflação como o “Calcanhar de Aquiles” do Governo. Para ele, a necessidade de tornar a cesta básica acessível às famílias é o principal desafio atualmente. “Não podemos nos esquecer que o maior impacto negativo vai justamente para essas famílias de renda mais baixa”, pontua.

Nas ruas, a sensação dos potiguares é de que o aumento do rendimento tem sido engolido pela inflação dos alimentos. Janaína Costa é autônoma. Ela disse que costuma conseguir ganhos superiores à renda média divulgada pelo IBGE, mas ainda assim é difícil fechar as contas. “Eu me viro, principalmente agora que as coisas estão mais caras. Então, tudo pesa no bolso”, relatou Janaína, enquanto fazia as compras em um frigorífico na Cidade Alta, no Centro de Natal.

Já o agente de portaria Bevenildo Freire, que ganha um salário mínimo, diz que é preciso se organizar para não faltar dinheiro. Para ele, o rendimento médio dos potiguares, apesar de colocar o estado em destaque no Nordeste, precisa melhorar. “Deveria ser um valor maior, porque o custo de vida aumentou muito, obrigando o cidadão, muitas vezes, a procurar alternativas fora da renda principal”, diz.
Para a assistente administrativa Brenda Louis, o rendimento aponta para a desvalorização do trabalho que existe no estado. “A gente não consegue pagar as contas direito, principalmente por causa da necessidade de comprar alimentos, que estão muito caros”, cita Brenda.

Os dados da Pnad Contínua apontam ainda que o rendimento médio domiciliar per capita no Rio Grande do Norte foi mais baixo entre os domicílios que recebiam benefícios sociais, com destaque para os que recebiam Bolsa Família, cujo valor passou de R$ 477 em 2012 para R$ 622,00 em 2024, enquanto os que não recebiam este benefício alcançaram R$ 2.038. Já os domicílios com outros programas sociais apresentaram renda de R$ 819 em 2024, frente aos R$ 1.598 daqueles que não eram beneficiários.

Para o IBGE, as diferenças observadas ao longo do período indicam que, embora os programas sociais contribuam para a elevação da renda entre os beneficiários, ainda persistem disparidades em relação aos domicílios não dependentes desses auxílios. De um modo geral, o rendimento médio no Rio Grande do Norte neste ano ficou acima da média do Nordeste (R$ 2.080), representando um crescimento de 9,8% em relação a 2023, quando o valor chegou a R$ 2.230.

Levantamento
Rendimento médio por estado/DF em 2024

DF R$ 5.147
SP R$ 3.785
RJ R$ 3.618
SC R$ 3.590
RS R$ 3.571
PR R$ 3.571
MT R$ 3.402
MS R$ 3.248
ES R$ 3.142
GO R$ 3.118
MG R$ 2.839
RO R$ 2.749
RR R$ 2.699
AP R$ 2.638
TO R$ 2.630
RN R$ 2.448
AC R$ 2.271
SE R$ 2.232
P R$ 2.221
PA R$ 2.202
AM R$ 2.190
AL R$ 2.160
PB R$ 2.124
PI R$ 2.102
BA R$ 2.028
CE R$ 1.927
MA R$ 1.869

Fonte: IBGE

TRIBUNA DO NORTE

Foto: Anderson Régis

Deixar uma resposta