Casal preso em SC abastecia tráfico de drogas comandado por facção no RN

A Operação Intocáveis, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN) na última terça-feira (28), resultou na prisão de 15 pessoas, incluindo um casal milionário, que mora em Santa Catarina, e é acusado de ser o responsável por enviar a droga utilizada por uma facção criminosa no tráfico realizado no Rio Grande do Norte. As informações da operação foram divulgadas nesta segunda-feira (3) pela PCRN, que detalhou as ações policiais e como funcionava a organização criminosa.

Além das prisões, a operação conseguiu o bloqueio de mais de R$ 35 milhões em valores pertencentes ao casal, oriundo do tráfico de drogas, e de uma série de bens valiosos, como cinco imóveis distribuídos nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Paraíba e Rio Grande do Norte, joias, armas, dois veículos de luxo e duas lanchas. Este foi o maior bloqueio financeiro da história da Polícia Civil do RN.

O delegado Eduardo Kwasinsk, da Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc), explicou a dinâmica da organização encontrada nas investigações. De acordo com ele, as prisões são oriundas de uma investigação complexa, iniciada há mais de seis meses.

“Durante todo esse período a gente identificou a base da estrutura – da organização criminosa -, que é quem atua aqui no estado, e por isso mais fácil de identificar. Para além disso, a gente foi investigando e sabendo quem eram os chefes que estavam acima deles. A gente prosseguiu e encontrou os distribuidores, e acima dos distribuidores, a gente encontrou também o que chamamos de ‘traficantes empresários’. São aqueles que não tocam na droga, mas que investem todo o valor oriundo do tráfico e retorna para que esse tráfico aconteça”, explica Eduardo Kwasinsk.

Segundo o delegado, o ‘traficantes empresários’ são de outros estados e levam uma vida de luxo distante da operacionalização do crime que os deixam milionários. Foram deles que a PC conseguiu bloquear mais de R$ 35 milhões.

“Eles são do sul do país, e lá levam uma vida completamente afastada do ilícito que eles cometem aqui, e têm lá os benefícios de uma vida de luxo, de forma que não são visíveis para a sociedade como criminosos”, conta Kwasinsk, que continua: “dos investigados presos a gente tem essa parte da estrutura que atua no varejo, tem distribuidores, e tem também as lideranças, que é quem fazem a compra de grande volume – de drogas – e remetem aqui para o estado do Rio Grande do Norte”.

O delegado da Denarc ainda explicou que essas lideranças não têm vínculos com a facção, não pertencendo a nenhuma, e trabalhando assim com várias delas.

“A experiência policial que a gente tem é que os grandes traficantes não pertencem às facções específicas. Eles distribuem para uma, duas ou três facções, e aí sim, no estado é que a facção domina a distribuição pontual nos locais. Daqui, no caso, o Sindicato do Crime”, completa Eduardo Kwasinsk.

No curso das investigações, a Polícia descobriu que os suspeitos estavam com passaportes emitidos e com a possibilidade de viagem para os Estados Unidos, o que talvez resultasse, de acordo com o delegado Eduardo Kwaninsk, em uma fuga.

Eles são o que a gente chama de substituíveis, são aqueles traficantes que estão nas biqueiras,

Do total de prisões, 12 foram cumpridas no Rio Grande do Norte. Ao todo, foram expedidos 15 mandados de prisão, 17 de buscas, além de outras três prisões em flagrante que foram cumpridas no decorrer da operação.

A operação contou com mais de 100 policiais da Diretoria de Polícia da Grande Natal (DPGRAN), da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR), do Núcleo de Operações com Cães (NOC/PCRN), do Grupo Penitenciário de Operações com Cães (GPOC da Polícia Penal/RN), do Comando de Policiamento da Capital (CPC/BPAmb) e do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER/SESED), das Polícias Civis de Santa Catarina, Paraíba e São Paulo, além do apoio do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DIP) e da Receita Federal.

O nome da Operação faz referência àqueles que estão no topo da estrutura do crime organizado e acreditam que nunca serão atingidos pelo sistema punitivo estatal. No caso da investigação, os líderes da organização tinham uma vida de luxo no Estado de Santa Catarina, com o lucro oriundo do tráfico de drogas que acontecia no distante Estado do Rio Grande do Norte.

 

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Foto: Renata Carvalho

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