Um eu lírico entre o sagrado e o mundano conduz os versos do novo livro de Pedro Lucas Bezerra, “Devoção” (Editora Macondo), que será lançado no próximo dia 12 (quarta), às 19h, no Mahalila Café e Livros, Lagoa Nova. Diferente do livro anterior, o elogiado “Trem Fantasma” (de 2021), que trazia uma reflexão sobre Natal e seu mundinho urbano, “Devoção” mostra o autor desvendando suas visões sobre a espiritualidade alheia através da poesia.
Os temas norteadores de “Devoção” são religião, misticismo e esoterismo. “É uma discussão que iniciei, poeticamente, depois de perceber que as pessoas ao meu redor estavam cada vez mais se espiritualizando, seja buscando religiões de matriz africana ou se reaproximando do catolicismo. Isso sem contar a força que o pentecostalismo ganhou no debate público”, diz.
Ao observar a crescente espiritualização dos outros, o autor pensou na ética em torno disso, da busca pela espiritualidade e a sua própria desconexão com essas práticas. Segundo Pedro, “Devoção” é dividido em três partes que se complementam. A característica principal do novo livro é que a última parte é apenas um poema longo de 23 páginas, enquanto as duas primeiras partes são diversos poemas – cerca de 30.
Em “Devoção” vozes aparecem, se misturam, se dissipam e voltam, tudo dentro de um “eu” que recusa se fixar. Aqui a voz do poeta é o canto e a capela. Tudo se mistura neste universo mito-poético que Pedro constrói.
Os poemas pedem para ser lidos como um canto, uma oração. A voz que conduz o leitor através do ritual que o autor oferece transita entre o mundano e sagrado como se ambos fossem feitos do mesmo material.
O universo de Pedro é esta “bata inconsútil” de um anjo, dois lados do mesmo tecido. Deve-se atentar ao que não se pode ver, ao sentimento. Tudo possui a possibilidade da experiência religiosa. O mundo está repleto dela. Na ocasião também haverá o lançamento do livro “É inútil corroer o osso da tempestade”, de Maria Luiza Chacon.
Serviço:
Lançamento de “Devoção”, de Pedro Lucas Bezerra. Dia 12 (quarta), às 19h, no Mahalila, Lagoa Nova.
Tribuna do Norte
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