ABC e América voltam a se enfrentar em uma final de Campeonato Estadual dois anos após o último confronto decisivo entre os rivais. Em 2023, o Alvirrubro levou a melhor. Agora, no embate que os alvinegros enxergam como uma revanche, há uma motivação especial: impedir a conquista do tricampeonato pelos americanos, feito que eles não celebram há 36 anos.
A Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) já divulgou a tabela da decisão do Estadual. O primeiro confronto será realizado no próximo sábado, dia 22, na Arena das Dunas, às 16h. Já a partida de volta acontecerá no dia 29 de março, também às 16h, no Frasqueirão. De acordo com o regulamento, não haverá vantagem para nenhuma das equipes na final, apesar de o ABC ter somado mais pontos na classificação geral. Em caso de empate em pontos e saldo de gols ao final das duas partidas, o campeão será definido nos pênaltis. A única vantagem concedida ao clube de melhor campanha foi o mando de campo no jogo decisivo.
“Ter o último jogo em casa é fundamental, mas só faz sentido se trouxermos vantagem do primeiro confronto. Na final da Copa do Nordeste de 2019, pelo Botafogo-PB, levei a decisão para João Pessoa, mas se tivéssemos sofrido 3 a 0 no Castelão, a vantagem seria inútil. O mesmo vale aqui: precisamos de um primeiro jogo sólido para que o Frasqueirão seja decisivo”, avaliou o treinador abecedista, Evaristo Piza.
Enquanto o adversário focava em levar o segundo confronto para sua casa, no América o único objetivo era a classificação. Após a derrota no primeiro jogo contra o Santa Cruz, a equipe ficou em uma situação peculiar: poderia tanto se classificar para a final e lutar pelo tricampeonato quanto, em caso de novo revés, comprometer todo o calendário de 2026, ficando fora das vagas do Estadual para a Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Série D do Campeonato Brasileiro.
“Foi uma semana intensa. Fizemos um treino pesado na quarta-feira, o que gerou muitas reclamações dos jogadores e acabou afetando um pouco o treino de quinta-feira. Mas essa intensidade nos deu a imposição necessária para o jogo. Sou um técnico transparente. Os jogadores sabem disso e aceitaram bem. Eles se cobraram entre si e fizeram um pacto para não deixar o América sem calendário. Esse comprometimento foi crucial para a classificação”, destacou o treinador americano, Moacir Júnior.
Ainda buscando consolidar a identidade de jogo do ABC, Evaristo Piza acredita que, diante do Laguna, a equipe começou a mostrar o DNA que ele deseja implantar no alvinegro e que, certamente irá balizar o comportamento do clube na grande final.
“A torcida quer ver raça. Quando mostramos sangue quente, ela nos acompanha. Não adianta jogar com lentidão no Frasqueirão. No domingo, mesmo sem abrir o placar no primeiro tempo, a postura agressiva fez a diferença. O ABC é assim: intenso, vibrante. Essa é a identidade que mantém a torcida como aliada. Agradeço ao grupo e à torcida. Comemoramos hoje (domingo), mas amanhã já começamos a preparação para fazer história contra o América. Contaremos com o espírito guerreiro que nos trouxe até aqui”, ressaltou. Por sua vez, Moacir quer voltar a fazer história em sua nova passagem pelo Alvirrubro, presenteando a exigente torcida com um título que não celebra há 36 anos. Ele reconhece a grande pressão, mas garante que o grupo estará preparado.
“Jogar no América não é fácil. Durante a semana, ouvimos muitas críticas e cobranças. Vestir essa camisa traz uma pressão exacerbada. Sabíamos que o Santa Cruz era uma equipe muito organizada, e parabenizo o trabalho deles. Mas jogar e dirigir o América é diferente. Há uma responsabilidade enorme. Nossos atletas foram brilhantes ao lidar com isso. Mesmo com vaias no intervalo, a torcida apoiou até o final. E nós, como profissionais, precisamos entender isso e saber lidar com as pressões”, enfatizou.
TRIBUNA DO NORTE
Foto: RENNE CARVALHO