O SUS aplicará a partir de 27 de fevereiro a vacina bivalente contra a Covid-19 da Pfizer. Trata-se de um imunizante atualizado para fornecer um nível mais elevado de proteção do que as vacinas de primeira geração.
A vacina é a resposta a uma necessidade que se observou nos últimos anos. O coronavírus causador da Covid mudou significativamente desde a sua descoberta, em janeiro de 2020, em Wuhan (China).
Todos os imunizantes de primeira geração foram desenvolvidos a partir da cepa de Wuhan. Embora eles tenham se mostrado cruciais para prevenir um grande número de casos graves, hospitalizações e mortes, já não conseguem evitar, na maioria dos casos, que uma pessoa seja infectada, dadas as mutações adquiridas pelo vírus.
A Pfizer desenvolveu, então, um imunizante que contém antígenos da cepa de Wuhan e também da Ômicron, cujas subvariantes são as que predominaram de um ano para cá. Por haver essa dupla proteção, ela é chamada de bivalente.
As subvariantes incluídas na proteção da vacina são a BA.4 e BA.5. Ela é feita para ser usada como reforço em indivíduos que tiveram o esquema primário com vacinas monovalentes.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a vacina bivalente em novembro de 2022 para a população a partir de 12 anos.
Elas podem ser aplicadas em quem tiver esquema primário completo – a partir de duas doses – e três meses após a última vacina de Covid.
O Ministério da Saúde definiu que os primeiros a receber o imunizante bivalente serão idosos com mais de 70 anos.
O primeiro grupo também inclui residentes de instituições de longa permanência, indivíduos imunocomprometidos, moradores de comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas.
A segunda fase contempla pessoas de 60 a 69 anos. Em seguida, entram gestantes e puérperas. Por último, profissionais da saúde.
O governo terá 49 milhões de doses da vacina bivalente para esses grupos. A meta é imunizar 90% dessa população.
“A ideia é garantir vacinação de reforço com bivalente para os grupos prioritários logo agora no começo do ano. São justamente as pessoas que têm maior risco de se expor e de morrer por Covid-19”, disse o diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, Éder Gatti, em apresentação na quinta-feira (26).
Um estudo realizado em Israel mostrou que as vacinas bivalentes reduziram em 81% o número de hospitalizações por Covid-19 em idosos acima de 65 anos.
Também houve redução de 86% do risco de morte nessa faixa etária, segundo a pesquisa, que analisou dados de mais de 500 mil pessoas.
O anúncio de autoridades de saúde dos EUA sobre uma possível relação entre a vacina bivalente da Pfizer e risco aumentado de AVC (acidente vascular cerebral) em idosos tem tomado conta das redes sociais, especialmente em grupos antivacina.
As estatísticas estão sendo analisadas pelos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) e pela FDA (agência reguladora de medicamentos), mas não há evidências concretas dessa relação.
Cabe ressaltar que indivíduos acima de 65 anos já são naturalmente mais suscetíveis a problemas cardiovasculares, incluindo AVC.
Os técnicos perceberam ainda que os pacientes que tiveram derrame tinham recebido o reforço da vacina de Covid e o imunizante contra a gripe simultaneamente, algo que também é investigado.
Desta forma, as duas agências norte-americanas continuam encorajando a população a tomar o reforço, já que os idosos são o público que mais pode ter complicações por causa da Covid-19, mesmo que tenham sido vacinados com esquema primário.