O América entrou em campo, no Frasqueirão, com o regulamento embaixo do braço, se fechou na defesa, segurou o 0 a 0 no placar e deixou o campo comemorando a reconquista do título do Campeonato Potiguar. Em termos de espetáculo, o clássico desta quarta-feira (17) foi pobre, mas o resultado era o que interessava para brindar a primeira conquista da América S.A e a volta do clube à fase de grupos da Copa do Nordeste, de onde ele vinha afastado há alguns anos. Aos donos da casa restou a frustração pela décima primeira partida sem
Ao contrário do que ocorreu no clássico de ida, quando teve bastante dificuldades de pisar na área americana e foi derrotado por 1 a 0,o ABC tratou de se lançar ao ataque em busca de desfazer a desvantagem favorável ao adversário, que entrou em campo podendo empatar para ficar com o título.
Sem a presença do seu artilheiro, Wallace Pernambucano, que cumpria suspensão automática pela expulsão no jogo realizado na Arena das Dunas, a equipe comandada por Thiago Carvalho formou duas linhas na defesa e buscava explorar a velocidade para o ataque, na busca de surpreender os donos da casa. E só pela disposição dos dois clubes em campo,a partida já prometia ser bem mais emocionante que a primeira.
Mais presente no ataque, o ABC esteve sempre mais perto do gol, que saiu aos 16 minutos, após um belo chute de Léo Ceará, que recebeu um belo passe de peito, dado por Felipe Garcia, que por sorte do Alvirrubro, vinha de uma posição de impedimento denunciada pelo VAR.
Claramente montado para valorizar a posse de bola, fazer o tempo passar e explorar o desespero do Alvinegro, que necessitava tirar a igualdade do placar, o América também recuava bastante e via os donos da casa ocuparem o campo de ataque, porém com dificuldades de encontrar espaços e furar a defensiva alvirrubra.
Depois dos 25 minutos, quando as pernas começaram a pesar mais, a partida entrou numa depressão, as duas equipes não conseguiam produzir nada e erravam muitos passes, se resumindo a batalha pela posse da bola. O que era pouco em termos de espetáculo.
O lance de emoção mesmo só ocorreu aos 44 minutos, quando Fábio Lima arriscou um chute da entrada da área, a bola desviou na zaga e passou muito perto do gol defendido por Bruno Pianissolla. O América foi nulo em termos ofensivos, apenas se defendeu.
Com o fôlego recuperado após o intervalo, o ABC voltou modificado, com Júnior Todinho no ataque e passou a pressionar mais em busca do primeiro gol. Mas com pressa nos momentos da escolha final, os atletas acabavam, na maioria das vezes, se equivocando e abusando das bolas erguidas na área, onde a zaga americana era soberana ou arriscando chutes da entrada da área sem direção.
Aos 15 minutos, o ABC levou perigo num lance despretensioso de Alemão, que lançou a bola na área, a bola passou por todo mundo e obrigou Bruno a realizar grande defesa. No escanteio, pela primeira vez o alvinegro levou a melhor numa bola alçada, e o zagueiro Richardson desviou e viu a bola explodir no travessão.
Aos 29, Ewerton Souza falhou ao tentar cortar um chutão do goleiro Simão, falhou, derrubou Júnior Todinho e acabou expulso, o que aumentou ainda mais o clima de expectativa no Frasqueirão.
Com pouca organização, sem técnica e muita garra, o ABC não soube aproveitar a vantagem numérica. Continuou abusando das bolas erguidas na área, onde Felipe Garcia, perdido em meio aos zagueiros alvirrubros, não levou vantagem em nenhuma jogada. A teimosia facilitou a vida dos defensores americanos que tiveram nota máxima no teste e foram premiados com a grande conquista.
Edina Alves teve atuação segura no jogo
A final do Campeonato Potiguar foi marcante e história, uma vez que pela primeira vez na história da competição, a decisão foi comandada por uma arbitragem feminina. Edna Alves Batista, árbitra FIFA/SP, teve uma atuação segura e não titubeou em nenhum lance. Foi enérgica no momento da expulsão do jogador Ewerton Souza, que como último homem após falhar no lance, derrubou o atacante Júnior Todinho.
Na única vez que teve de usar o auxílio do VAR, foi para anular o gol do ABC, marcado Léo Ceará, aos 16 minutos de partida, com um chute bem colocado de fora da área. Mas com auxílio da tecnologia, Edna Alves detectou o impedimento do jogador, que deu um passe de peito para o companheiro completar a jogada. Segundo o saudoso comentarista de arbitragem Mário Viana, França saiu da figura A para figura B, o que configura o impedimento.
A representante da FIFA também aplicou bem os cartões amarelos, impedindo que a partida, disputada num alto grau de nervosismo, descambasse para violência. Complementaram o trio de arbitragem da FIFA, solicitada pela diretoria americana, a árbitra assistente 1 Anne Kesy Gomes de Sá- FIFA/AM, 4ª árbitra Deborah Cecília Cruz Correia – FIFA/PE e AVAR Amanda Pinto Matias – CBF/SP.
Edna foi ainda a primeira mulher a apitar uma final do Campeonato Paulista, primeira árbitra a apitar uma partida em um campeonato profissional masculino.
Fonte: Tribuna do Norte