Prefeitura convocará nova empresa para construção de túnel na Hermes

A Prefeitura do Natal precisará  convocar a empresa que ficou na segunda colocação na licitação para executar as obras do túnel no cruzamento da avenida Alexandrino de Alencar com a Hermes da Fonseca. A empresa que havia vencido a licitação, a Potiguar Construtora LTDA, desistiu de tocar a obra, segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU), em nota enviada à imprensa. A STTU afirmou já ter feito convite à empresa que ficou na segunda colocação na licitação. O distrato de contrato da Potiguar Construtora LTDA foi publicado no Diário Oficial do Município desta terça-feira (20). A obra terá custo de R$ 24,2 milhões.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana esclarece que a empresa vencedora do certame licitatório para construção de trincheira no cruzamento da avenida Hermes da Fonseca com Alexandrino de Alencar pediu distrato do contrato. Ao analisar a planilha de custos da obra, a Caixa Econômica Federal identificou a necessidade de algumas adequações, o que não foi acatado pela empresa.  Diante de tal circunstância, o Município deverá, nos próximos dias, convocar a 2a colocada na licitação, a qual, em aceitando as adequações e preços determinados pela Caixa Econômica, será contratada”, disse a pasta em nota.  

A STTU não informou quais seriam essas adequações e também não estabeleceu prazo para que a obra comece. O cronograma aponta pelo menos nove meses de obras. A trincheira é uma espécie de túnel viário, que passará “por dentro” do cruzamento entre a avenida Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar. O motorista que vem pela Alexandrino passará por baixo da Salgado Filho para seguir pela via, sem semáforos. 

Segundo informações publicadas pela TRIBUNA DO NORTE nos últimos meses, a STTU aponta que a obra tem o objetivo de melhorar o fluxo na área e tratar problemas de acesso ao bairro de Nova Descoberta. O planejamento prevê a construção da trincheira no canteiro central, com preservação das vias marginais, sinalização horizontal e vertical, iluminação e acessibilidade do entorno. 

Em reportagem recente, a TN publicou que em 2034 cerca de 85 mil veículos devem passar diariamente pela Hermes da Fonseca no trecho onde a via cruza com a Alexandrino de Alencar, área onde  está prevista a construção da trincheira. A STTU aponta que a obra vai melhorar o fluxo na área e tratar os problemas de acesso ao bairro de Nova Descoberta. De acordo com a pasta, aproximadamente 60 mil veículos circulam pelo local atualmente. A projeção representa um aumento de 41,6% em 10 anos.  Sem nenhuma intervenção, a expectativa, segundo Newton Filho,  diretor de Planejamento da STTU, é de que os congestionamentos aumentem em uma hora nos horários de pico, elevando o tempo de espera para duas horas.

“Nossos estudos demonstraram que, em uma perspectiva de 10 anos, se nada for feito, o corredor Hermes/Salgado Filho irá entrar em colapso por causa do crescimento da frota na via. É importante lembrar que as novas diretrizes do Plano Diretor incentivam a construção de edificações maiores na região, fazendo com que mais pessoas morem no entorno e precisem do corredor para trafegar”, disse à TN no último dia 08 de junho à Newton Filho, diretor de planejamento da STTU. 

Desvios

Com as obras da trincheira, serão necessários uma série de desvios já anunciados pela STTU. Para quem vem dos bairros da zona Sul no sentido Centro/zona Norte, os veículos deverão acessar a rua São José, binário criado com a Rua Jaguarari, cujo acesso prioritário será por meio da Avenida Jerônimo Câmara. Outra possibilidade de desvio seria as ruas da área militar do 16° Batalhão de Infantaria do Exército, mas a STTU não obteve autorização da União.

Já para quem trafega no sentido dos bairros da zona Leste para a região Sul/Parnamirim, os desvios da Hermes da Fonseca deverão serem acessados pela  rua Alberto Maranhão e, em seguida, pelas avenidas Romualdo Galvão, Prudente de Morais ou Jaguarari. 

Uma vez nessas rodovias, o motorista pode optar por entrar na Nevaldo Rocha, Antônio Basílio, Amintas Barros e assim sucessivamente para voltar para o fluxo. Durante o período de obras, o transporte público coletivo contará com faixa exclusiva na Avenida Romualdo Galvão e Rua Alberto Silva.

Moradores e comerciantes questionam obra

Moradores e comerciantes da região, bem como ciclistas se posicionaram contra a trincheira, alegando que os túneis causam impactos arquitetônicos, criando ambiente hostil ao comércio e à circulação de pessoas e bicicletas. Nas últimas semanas, foram realizados protestos, audiências públicas e reclamações por parte de moradores e pessoas afetadas com a obra.

Para a representante das moradoras e moradores da região, a advogada Tatiana Mendes Cunha, “a obra é desnecessária”. “Podemos ter um breve momento de congestionamento, nos horários de pico, mas não justifica uma obra que vai provocar a deterioração da região, o que já aconteceu em várias outras partes de Natal, onde esse tipo de intervenção urbana foi feita”, argumentou.

O professor da UFRN, Rubens Ramos, disse “que não existe problema de capacidade de tráfego” no trecho que receberá a intervenção.  “Não há nesse ponto a menor necessidade de uma intervenção desse tipo e a melhor solução já está no local, os semáforos. O congestionamento que existe se deve não a este cruzamento, mas ao corredor Salgado Filho adiante, até a Amintas Barros”, avalia.

O professor diz ainda que a justificativa para obra ser a absorção do aumento no fluxo de trânsito nos próximos anos “é uma especulação sem base estatística”.

Fonte: Tribuna do Norte

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