A abertura do inquérito para investigar se o deputado federal General Girão (PL) incitou os atos golpistas de 8 de janeiro poderá afetar a pretensão dele de disputar a Prefeitura do Natal em 2024.
Pré-candidato à cadeira do Palácio Felipe Camarão, Girão pode até perder o mandato, a depender do desenrolar da investigação aberta na semana passada a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O simples fato de haver uma investigação em curso deverá retirar o parlamentar da pré-campanha, uma vez que ele terá de focar nas ações de sua defesa. Em contato com o AGORA RN, a assessoria de Girão informou que ele está em recesso parlamentar e pediu privacidade para dar atenção à família nesse período.
Girão lançou sua pré-candidatura a prefeito de Natal no último dia 19 de maio, em evento na UFERSA, em Mossoró. De lá para cá, porém, ele fez poucas referências ao pleito e teve algumas poucas reuniões com lideranças para tratar de apoios políticos.
Na semana seguinte ao lançamento de sua pré-candidatura, o parlamentar chegou a dizer que estava à disposição do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que não poderá concorrer à reeleição e, portanto, apoiará um nome de sua preferência para a disputa do pleito eleitoral de Natal.
“Como patriota e que tanto trabalho pela cidade onde vivo e conheço bem, me coloco como opção ao prefeito Álvaro Dias, ao meu grupo político. Ninguém faz nada só, nunca fiz. Quero somar para ser uma alternativa para o nosso grupo, para a população da nossa querida Natal. Fico à disposição. A decisão é do nosso grupo”, disse o deputado.
Investigação foi pedida pela PGR e pela PF
A abertura do inquérito contra o deputado do Rio Grande do Norte atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF). O prazo inicial da investigação é de 60 dias.
Além da suposta incitação aos atos de 8 de janeiro, também será apurado se Girão cometeu crimes contra o Estado Democrático de Direito e associação criminosa.
Quatro dias após o início do inquérito, o deputado emitiu nota negando que tenha estimulado as ações antidemocráticas ou a depredação das instituições ocorrida na capital federal no dia 8 de janeiro desse ano.
Entre as condutas do General que estão sob suspeita, a PF destacou um discurso proferido por ele em Natal-RN, no dia 19 de dezembro, em frente ao 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI), na Av. Hermes da Fonseca.
Na ocasião, o deputado pediu aos manifestantes que acampavam no local que colocassem os “sapatinhos na janela”, porque Papai Noel iria chegar naquela semana.
“Acreditem em Papai Noel”, disse o parlamentar, diante dos aplausos da militância. Na sequência, um manifestante provoca: “Papai Noel de verde”, em referência à cor das vestimentas do Exército. O parlamentar, por sua vez, responde: “É, pode até ser camuflado também”.
Agora RN