Morte de motorista por aplicativo liga alerta da insegurança para a categoria, diz presidente da Amapp RN

O corpo com marcas de tiros e com queimaduras, que foi encontrado na manhã de quinta-feira (3) no rio Ceará-Mirim, em Extremoz, foi identificado. O Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) confirmou que a vítima do crime se trata do motorista por aplicativo Willame Soares da Silva, de 28 anos. Ele, apontado por parentes mais próximos como uma pessoa religiosa e dedicada a família, é mais um entre os integrantes da categoria que foram vítimas da violência no RN. Para o presidente da Associação dos Motoristas Autônomos por Aplicativo do RN (Amapp RN), Evandro Henrique, casos como esse levantam o alerta sobre estes trabalhadores, que sofrem com a insegurança no dia a dia.

Apesar de pontuar que o caso ainda será investigado pela Polícia Civil e, portanto, será confirmado se o assassinato de Williame ocorreu enquanto ele realizava uma corrida para uma plataforma de viagens, Evandro afirma que o caso deve ser encarado com seriedade, servindo para evidenciar o risco que trabalhadores da categoria sofrem. “Ele era um trabalhador que estava na rua para suprir as necessidades de sua família, e ele estava na rua porque precisava estar, e ele estava se espondo mais por causa da atividade que ele exerce. Um olhar mais atento é necessário para que esses profissionais tenham mais segurança e menos probabilidades de sofrerem assaltos ou até algo pior, porque muitas vezes eles (os criminosos) matam sem motivo nenhum. Esse é um problema que precisa de um olhar muito mais atento da segurança pública”, afirmou.

Para o presidente da Amapp RN, os riscos enfrentados pelos motoristas por aplicativo tem suas origens dentro e fora dos veículos. Ele afirmou que, como qualquer pessoa que se locomove pela cidade, os condutores também se expõem a assaltos e latrocínios. Porém, além da falta de rigidez no cadastro de usuários, por parte das plataformas de viagens (que também colaborarem para corridas com indivíduos com históricos criminais falhamente verificados), ele aponta as fiscalizações realizadas por policiais (como as realizadas na operação Viagem Segura) poderiam ajudar a inibir e a reduzir casos de violência contra os motoristas. “É necessário que haja um rigor maior e que existam mais ações para reprimir esses crimes. No momento em que você faz essas ações, a bandidagem se reprime e ele pensa ‘eu não vou assaltar um motorista por aplicativo porque se ele parar em uma blitz, eu vou ser pego’. A ação inibe o criminoso'”, disse.

Segundo o laudo do Itep, um traumatismo craniano causado por um projétil de arma de fogo foi o ferimento definitivo que causou a morte de Williame Soares. O corpo da vítima foi reconhecido no fim da tarde de quinta-feira (3) por familiares que, abalados, pedem justiça após o crime. 

Protesto nacional

Em maio, motoristas por aplicativo realizaram um protesto contra a baixa remuneração e a falta de segurança em todo o País. Na ocasião, associações representativas dos motoristas de aplicativo solicitaram que não fossem aceitas corridas no dia de ontem, como forma de pressionar as empresas a atender às reivindicações. Além disso, em Natal, foi realizado um protesto nas proximidades da Arena das Dunas. Os condutores a serviço das plataformas de viagens por aplicativo pediam regras mais criteriosas para o cadastro dos usuários que consomem o serviço e o aumento da remuneração mínima para 10 R$ por corrida.

Tribuna do Norte

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