O transplante de coração do apresentador Fausto Silva, realizado no domingo (27), levantou dúvidas em parte da população sobre a lisura da lista de pessoas que aguardam por um transplante de órgão no Brasil. O Ministério da Saúde, porém, já explicou quais os critérios utilizados para definir as prioridades e confirmou que o apresentador, devido à condição clínica, preenchia os critérios de urgência na lista. No Rio Grande do Norte, há somente uma paciente na lista de espera por transplante de coração e um dos médicos que participa da equipe de transplantes no estado defende a seriedade do sistema de coleta e distribuição de órgãos no país.
RN realizou cinco transplantes de coração em menos de um ano; médico defende sistema
Atuando na área de transplantes cardíacos no estado, o médico Madson Vidal explicou que o Rio Grande do Norte, desde o fim de 2022 até agosto desse ano, realizou cinco transplantes cardíacos, dos quais somente um ocorreu em 2023. Todos estavam em tratamento em casa. De acordo com ele, para se definir quem será o receptor é preciso levar em consideração o tipo sanguíneo, peso e também a gravidade do quadro. Pacientes que estão usando máquina para a circulação de sangue de maneira externa, coração artificial, drogas vaso-ativas e estão em hemodiálise, por exemplo, são prioridades.
“Como atuante na área de transplante e testemunha de como são feitos os transplantes no país, posso testemunhar que é tudo muito organizado, criterioso e sério. É um dos melhores do mundo, universal, e todos têm acesso”, garantiu o médico.
O fluxo dos órgãos são organizados pelas centrais estaduais, que listam os pacientes e levam ao conhecimento da Central Nacional, já com as informações atualizadas em tempo real sobre os candidatos ao transplante. Quando surge um órgão, ele é cadastrado na central nacional de transplante e, se esse órgãos é coletado no Rio Grande do Norte, é oferecido inicialmente no estado caso também não haja compatibilidade com um paciente que esteja em situação mais grave.
“A prioridade sempre é para pacientes críticos e que têm um prognóstico ruim para os próximos dias. Foi isso que aconteceu com Faustão. Mas isso é comum no estado de São Paulo, onde tem mais captação e onde se internam mais pacientes críticos”, explicou Madson Vidal, informando ainda que órgãos coletados em Natal já foram encaminhados a outros estados.
Para o médico, é preciso que o Rio Grande do Norte ofereça uma melhor estrutura para os exames de pacientes que poderiam necessitar de transplantes. Além disso, é preciso se divulgar a seriedade do sistema de transplantes de órgãos, que é um dos melhores do mundo e um dos serviços mais confiáveis e eficientes do SUS.
“Não é para desestimular a doação. Pelo contrário. O sistema independe de política partidária. É uma política de estado bem sedimentada e séria”, garantiu.
Tribuna do Norte